Inaugurado no dia 12 de setembro de 1911, o
Theatro Municipal de São Paulo, localizado no centro antigo da capital,
revolucionou em vários aspectos, principalmente na arquitetura que
espelhou a Ópera Nacional de Paris.
O teatro foi construído para atender o desejo da elite paulista da
época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros
culturais, além de ter acesso a concertos e óperas. No período, a
diferença de classes era bastante evidente, os barões do café e os políticos
eram os mais respeitados e os que tinham mais poderes na cidade, seguidos
por profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros, arquitetos e
jornalistas) e, por fim, por professores, estudantes
e imigrantes italianos.
Para ter acesso ao Theatro, foram criados três tipos de acesso para esse
público.
Ordem 1: (Balcão nobre e camarotes do 2° andar): Políticos e pessoas
influentes como os barões do café. Acesso pela escadaria principal.
Ordem 2: (Foyer): Profissionais liberais. Acesso pelas portas laterais.
Ordem 3: (Balcão simples e 4° andar): Estudantes e professores. No 5°
andar, os imigrantes italianos tinham acesso por uma escada isolada.
Segundo o guia turístico do Theatro Municipal
de São Paulo, Rodrigo Silveira, o público era seleto e havia uma
segregação por parte dos organizadores dos eventos. “Quando inaugurado o
Theatro Municipal, a cidade de São Paulo estava crescendo muito por causa do
café e, com isso, a desigualdade social também crescia. A arquitetura
do local visava separar a elite paulistana, que eram barões, políticos e
pessoas influentes, daqueles que não se adequavam a esses requisitos. Sendo
assim, a entrada principal e a escadaria eram restritas à elite. A
entrada de professores e estudantes, pela entrada lateral do lado de
fora, representava essa segregação", declara ele.
Com as reformas teatro e o surgimento de outros lugares culturais,
como, por exemplo, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
(MASP), o Theatro começou a perder seu público e aos poucos teve que se
reinventar, tanto na parte das programações quanto nos preços dos
eventos.
Passados mais de 114 anos depois da sua inauguração, o Theatro Municipal
de São Paulo recebe vários tipos de classes sociais, com visitas guiadas
gratuitas e preços de concertos que chegam a custar 20 reais. “Antigamente
o público gostava de arte e cultura, tinha uma fome para aprender novas
tendências, principalmente as da Europa. Hoje o
público, principalmente o jovem, não tem nenhum interesse em visitar um
teatro ou museu, porque a tecnologia é mais importante que conhecer a arte. O
Theatro soube mudar o olhar e o pensamento sobre o público”, revela o
visitante Gilson Almeida.
Atualmente, a entrada e a visita são permitidas para todos os públicos.
Muito interessante essas histórias. Parabéns pelo conteúdo.
ResponderExcluir